“Escrever, essa foi a única coisa que habitou minha vida e que a encantou. Eu o fiz. A escrita não me abandonou nunca”, disse Marguerite Duras, em seu Escrever, mas poderíamos ter dito qualquer um de nós, tomados febrilmente pelos processos de escritura ao ponto de não conseguirmos fazer outra coisa que não nos debulharmos vez que outra, para não dizer vez que sempre, no papel.
Mas se a escrita é assim tão potente, se ela traz tantos benefícios, por que, afinal, abrimos mão de sua prática — para além da escrita básica que nos é exigida —, ao longo da vida?
Medo de julgamento, vergonha, perfeccionismo, insegurança, ansiedade, frustração, desconexão emocional, cansaço mental: muitos são os sentimentos e as sensações que nos fazem abandonar esse algo que pode dizer muito mais sobre nós do que imaginamos. Escrever não é, por si só, analítico, mas pode, sim ser um dispositivo autoformativo e de pesquisa1.
“Pensa-se que tanto na escuta do sujeito quanto nas histórias em forma de narrativas escritas o inconsciente como um saber falado pode comparecer e ser ‘lido’ nas entrelinhas da palavra dita e escrita para além do texto manifesto.”
— Silvano Messias dos Santos e Inês Maria Marques Zanforlin Pires de Almeida
Portanto, mais do que desenvolver habilidades cognitivas, escrever carrega a capacidade ter um desdobramento fundamental em nossa saúde mental e emocional. Podemos, pensar, por exemplo, quais os possíveis efeitos da escrita sobre esse sujeito que escreve.
Em termos literários, conseguimos, ainda, refletir sobre essa voz narrativa que vai surgindo, mesmo quando tentamos calá-la, e que funciona quase como uma impressão digital: única, indelével, resistente ao tempo.
Saber de si e desse registro faz com que nos comuniquemos diferente. Abre possibilidades, inclusive, de que, mais confiantes em nosso próprio jeito de nos escrevermos no mundo, possamos brincar com as possibilidades lúdicas da escrita. E não são poucas. Quem sabe voltemos, então, àquela criança, como disse o psiquiatra Gérard Pommier, que “no momento em que esboça um grafite, (…) se representa e representa primeiramente seus sonhos".
Em 2024, o ESCRI faz cinco anos. E isso quer dizer que, do lado de cá, estamos passando por uma série de mudanças. Novas pessoas, uma sociedade, e mais estruturação. Assim, estamos nos despedindo de formatos queridos para ver nascer novos momentos. É o caso do PLONGÉE, nosso ateliê. Amanhã começa sua última edição desse jeitinho: nove encontros, em três meses, para que você encontre sua voz narrativa e nunca mais deixe de ser você mesmo na escrita. Ainda há vagas. Os encontros são gravados e, ao final do percurso, cada participante terá uma hora de mentoria comigo. Vem, :-)
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Leia mais sobre esse conceito em PSICANÁLISE E A ESCRITA DE SI: UMA ESCRITA SOBRE A ESCRITA.
escrever para existir…